21 maio 2006

Nascidos em Bordéis

Desde os meus tempos de faculdade (já vão lá mais de 12 anos) desenvolvi um gosto em assistir a documentários. SIM, eu sou uma dessas pessoas que são a razão pela qual existe a secão de documentários e clássicos nas locadoras de vídeo. Costumeiramente eu vou à locadora só pela curiosidade de ver se existe algo novo e interessante. E esse é o grande barato: não estar procurando nada, para poder encontrar tudo (filosofia budista). Toda vez que vou à locadora sem objetivos acabo por encontrar os melhore filmes que já vi na vida.
Nesse sábado, sem nada pra fazer, já no finzinho do expediente da locadora, fui buscar algum filme. E encontrei!!! Sempre fui apaixonado pela fotografia e muitas outras formas de expressão artística, como a escultura e a poesia. Então vi um filme, cuja sinopse dizia:
"O aparente enriquecimento da Índia deixa de lado os menos favorecidos. Nesse contexto, os menos privilegiados são as crianças filhas de prostitutas do bairro mais pobre da cidade. Porém, ainda há esperança. Os diretores Zana Briski e Ross Kauffman procuram essas crianças e munidos de câmeras fotográficas pedem para eles fazerem retratos de tudo que lhes chama a atenção. Os resultados são emocionantes. E enquanto as crianças vão descobrindo essa nova forma de se expressar, os cineastas lutam para poder dar mais esperança e uma vida melhor a essas crianças, para as quais a probreza é a maior ameaça à realização dos sonhos."
Ganhador do Oscar de melhor documentário de 2005, Nascidos em Bordéis é o exemplo mais palpável de como vidas podem ser tocadas e transformadas através de simples iniciativas. As crianças retratadas no filme - Shanti, Kochi, Puja, Mamoni, Tapasi, Avijit, Gour, Manik e Suchitra - são filhas de meretrizes e estavam imersas num mundo que envolve coisas tão "suaves" quanto gigolôs, tráfico de drogas, violência, prostituição infantil e falta de saneamento básico.
Zana Briski, fotógrafa, com mestrado na Unversidade de Cambridge conseguiu, dando aulas de fotografia básica e presenteando as crianças com câmeras analógicas (salve, salve, ainda existem filmes fotográficos), que essas almas sedentas de esperança pudessem ser conhecidas pelo mundo e ter uma chance de sobreviver fora da marginalidade. Zana partiu de um simples trabalho fotográfico, envolvendo a documentação da vida das mulheres do distrito da Luz Vermelha, em Calcutá. Deste trabalho, Zana envolveu-se com estas crianças e hoje seu trabalho ganha novos espaços através da fundação Kids With Cameras.
Este filme é uma inspiração, uma amostra de que cada um pode fazer sua parte por um mundo melhor. E se você não pode ajudar muitos, faça muito por poucos, fazendo o melhor que você sabe fazer. Isso pode ser tão simples quanto sorrir, conversar, ouvir, caminhar ao lado, presentear com um conjunto de lápis de cores, ensinar computação, bordado, judô, fotografia, teatro, agricultura...

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