17 julho 2006

Os Sem-Floresta

Over The Hedge. Os Sem-Floresta. Esse é o desenho. Muito show!!! Bem, eu não precisaria dizer mais nada, mas acho que não é assim que se fala de um filme. Poucas vezes vi um desenho/filme/documentário com um humor tão refinado. "Over The Hedge" é a crítica mais inteligente, produzida recentemente, sobre o estilo de vida consumista dos estadunidenses.

Disfarçado de desenho-engraçadinho-com-um-monte-de-bichinhos-fofos-e-graciosos, "Os Sem-Floresta" é isso mesmo, mas é também mais, e vai direto na ferida do consumismo desenfreado que assola os Estados Unidos. A sociedade neo-burguesa, capitalista, alheia às mazelas sociais do país, isola-se em seus guetos chamados "subúrbios" (lá o subúrbio é uma coisa boa), destroe o restante de matas que rodeia as grande metrópoles e inunda o país com seu lixo de embalagens e restos (não tão inúteis). Isso tudo sem falar no industrialismo que cria geringonças "super ultra inúteis consumidoras de energia não renovável".

O filme também tem um pouquinho de Brasil sim. Tem o guaxinim malandro que adora tirar vantagem dos outros e tem um certo "jeitinho" de fazer tudo parecer "correto" e "honesto". O filme é bom, pra não dizer ótimo. As crianças vão adorar, os adultos ainda mais. Impagável é a cena-clímax do esquilo viciado em cafeína!!!

14 julho 2006

Facções criminosas: públicas ou privadas?

Sou paulistano. Até pouco tempo não gostave de ser chamado de paulista, porque todo mundo que mora no ESTADO de São Paulo, e sempre houve uma rixa entre campineiros e paulistanos. Bobagem pura. tenho orgulho de ser paulistano e paulista. Mas nos últimos dias tenho tido vergonha de ter alguns conterrâneos como Geraldo Alckmim.

O que fizeram ao meu estado natal? o que fizeram com a terra da garoa? O que fizeram com a terra que move os fundamentos da riqueza nacional? Um estado a beira do caos, tomado pela marginalidade. É difícil crer que tanta gente está sendo morta e tanto patrimônio público e privado está sendo depredado sem nenhuma reação de um governo fraco, impotente e incompetente.

São dados do jornal Folha de São Paulo: desde 12 de maio, 373 atentados, 42 membros das forças de segurança e 4 civis mortos, sem falar nos 92 mortos ligados às facções criminosas. O PSDB recusa de forma veemente a ação da Força Nacional, Lula insiste em oferecer uma força inepta e fágil para deter uma onda criminosa de um dos grupos mais bem estruturados da história do país.

O que vemos, na verdade, é um embate, vazio de propósitos e ações eficientes, pelas urnas e os votos cintilantes do próximo pleito. É importante que vejamos seriamente quem desejamos para o nosso futuro e da república: um PSDB que sucateia e deixa São Paulo definhar nas mãos do crime organizado (demonstrando conivência e até mesmo cumplicidade) ou um PT já tão carcomido por todas as denúncias de corrupção e desmandos políticos.

09 julho 2006

O que leva...

O que leva um jogador como o Zidane, que fez misérias com a Seleção Brasileira, a agir daquela forma numa final de Copa do Mundo? Um cara que estava para ser consagrado como melhor jogador do mundial, simplesmente despede-se de sua carreira na seleção francesa com uma atuação totalmente oposta ao ideal do "fair play". Lamentável!

Isso me lembra o caso de alguns alunos do curso superior... Como assim? Explico. Muitos alunos julgam-se melhor que seus professores simplesmente porque são "craques" (no caso, falo da Computação) na sua área de atuação. É claro que podem, devem e tem a obrigação de serem melhores que seus professores. O mundo evolui e as novas gerações devem superar tecnica, intelectual e moralmente as anteriores. O nosso planeta não pode regredir.

Mas aí eu destaco a diferença entre o "bom aluno" (o craque) e o "auno pleno" (como o atleta pleno a exemplo de Pelé). O aluno que eu, em particular, quero ver graduado é aquele que alcança, em sua atuação na faculdade, níveis ótimos (não vamos falar em excelência) em todos os aspectos de sua formação. O aluno deve procurar dominar sua área técnica e ser o melhor possível. O aluno precisa desenvolver suas habildade de realacionamento interpessoal. A sociedade e o mercado exigem que ele tenha ótima capacidade de comunicação oral e escrita. E, sobretudo, ele deve ter conduta ética com relação a seus colegas e professores, sem deixar de lado os demais colaboradores de uma universidade.

Toda história tem dois lados: a dos perdedores e a dos vencedores. Normalmente ela pende para o lado de quem escreve, mas o futuro é muito mais sábio e cruel com aqueles que omitem a verdade ou a conduzem de forma passional, segundo seus interesses.

08 julho 2006

Graduar x Aprender

Hoje estava num almoço da turma de formandos da Ciência da Computação e acabei fazendo um comentário que me levou a pensar um pouco. Estávamos discutindo sobre achar ou não os alunos que entram na faculdade "crianças". Resumi tudo e disse que pra mim eles nasciam quando entravam no curso.

Mas por que isso? Explico. Cada pessoa que conhecemos, nasce pra nós (e somente pra nós) naquele momento. Não sei quem são, o que fizeram, o que estudaram antes de encontrar-me naquela primeira aula. Para a quase totalidade deles é a mesma coisa em relação a mim, exceto por alguns que tem parentes ou amigos que fazem o curso e acabam ouvindo sobre os professores.

É interessante o conceito de "nascimento", pois como professor, não posso naquele exato momento fazer suposições sobre o que são ou como serão. Isso será um aprendizado de ambos os lados. Espero a cada dia, contribuir para que sejam profissionais, e eles acabam me ensinando como compreender melhor a essência do estudante e seus anseios.

Ao entrar na faculdade, a maior parte dos alunos tem um nascimento profissional. Algumas "vidas" serão mais complicadas do que outras, mas é preciso estar aberto para aprender tudo e saber como usar isso. Na "vida plena", aprendemos a falar, mas a maioria a utiliza isso apenas para a comunicação convencional; alguns serão locutores, cantores, palestrantes. Aprendemos a andar, mas poucos serão jogadores profissionais ou atletas.

O que se aprende na faculdade pode ser tão trivial como andar ou falar, mas pode ser também uma ferramenta essencial. Podemos fazer de habilidades comuns uma arte. Essa é a grande diferença entre quem está na faculdade para "graduar-se" e aqueles que estão lá para "aprender".

07 julho 2006

Carteiraço é pra quem não se garante

O cidadão brasileiro tem como costume reclamar muito do fato de políticos, empresários, membros do judiciário, da polícia e militares utilizarem de sua influência para conseguir vantagens para si. A famosa tática co "carteiraço" é uma das grandes mazelas do país. Ela quebra e anula o princípio constitucional da igualdade entre os cidadãos. Ou seja, quem não tem "carteira", quem não tem QI (o famoso "Quem Indica"), sofre, pena, tem dificuldades, é preterido e muitas vezes até humilhado.

Agora, reflitamos que o famoso carteiraço não está presente apenas nas altas esferas privilegiadas do nosso país. Ele é aplicado em inúmeras situações, sendo que aponto algumas apenas para deixar claro.

Exemplo 1: Na cidade está implantado a área azul, um esquema de estacionamento rotativo pago. O vereador da cidade para defronte à casa lotérica, usando um carro público. Ele não usa o cartão de estacionamento, deixa as luzes do alerta piscando e entra no estabelecimento para fazer o seu joguinho e pagar suas contas (esperamos que com o seu próprio dinheiro). Lá dentro, usa da sua pessoa pública para indicar que precisa furar a fila. Ao voltar, a moça que controla o estacionamento, sente-se constrangida em registrar a ocorrência por 3 motivos: é um carro público, é um vereador, ele usa do famoso bordão "foi só cinco minutinhos, já voltei".

Exemplo 2: Uma boate (ou danceteria, ou barzinho, como preferirem) da cidade está na moda. Sempre lotada e com filas quilométricas, faz distinção entre os seus clientes: os VIPs e os comuns. Os VIPs entram direto, sem passar por fila e sempre conseguem mesa. Por quê? Talvez porque gastem mais. Talvez porque sejam filho(a) do(a) fulano(a) que é dono/diretor/manda-chuva de não sei onde.

Exemplo 3: Um aluno vai mal numa disciplina na faculdade, muitas vezes porque usou de subterfúgios para ser aprovado sem mérito. Fala com o professor que, eticamente, tenta conduzir suas disciplinas dentro do rigor profissional e evitar fraude, plágio e abusos. O aluno, o pai, a madrinha, ou seja lá quem for, conhece o coordenador, o diretor, o membro do conselho curador, o reitor, ou outro membro influente. Esta pessoa "comenta" o caso com o seu amigo influente, pedindo uma "opinião". Mesmo não agindo para demover o professor de sua intenção acaba provocando um mal estar geral em todas as relações.

Esses são apenas alguns exemplos do carteiraço na vida cotidiana. Pessoas que agem assim não podem ser chamadas de cidadãs. Pessoas com essa mentalidade não podem exigir respeito da sociedade. Pessoas com essa incapacidade social não podem questionar a corrupção, a desonestidade e até mesmo a marginalidade que assola nossas cidades. Evite e denuncie o carteiraço.

06 julho 2006

Plágio: a praga da universidade

Muitos acreditam que o sucateamento da universidade brasileira é a causa da baixa qualidade de muitos cursos de nível superior. Outro atribuem a causa à grande proliferação de faculdades, centros de ensino e universidades. Eu atribuo a grande totalidade do baixo nível qualitativo dos nossos egressos a apenas uma causa: o plágio.

Essa praga, definida no Houaiss como "ato ou efeito de plagiar", ou ainda "apresentação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual etc. produzido por outrem" é uma palavra de origem grega (plágios) que indica "oblíquo, que não está em linha reta, que está de lado; transversal, inclinado" e, por extensão "que usa meios oblíquos; equívoco, velhaco". O plágio assola a vida cotidiana da universidade brasileira, e também os níveis fundamentais da educação em nosso país.

O plágio, antes de uma "esperteza", é, sem dúvida, uma demonstração de incapacidade, inaptidão, inferioridade intelectual, ética, moral e técnica. Um plagiador é uma pessoa que assume - embora não publicamente - sua falta de capacidade para a vida profissional e social. Assumir incapacidade não é fracasso, tentar encobri-la com o plágio, sim. O plagiador acredita, em sua ética distorcida e avessa, que foi esperto, ou que conseguiu enganar um grupo de pessoas. Ele ludibriou a sociedade, o sistema, o estado de direito como um todo.

Uma pessoa que comete o mínimo ato de plágio não tem qualquer direito ou embasamento moral para cobrar qualquer coisa que seja de qualquer pessoa, grupo, instituição ou governo. Ele está usando de meios ilícitos e imorais para obter uma certificação profissional para atuar numa sociedade da qual não tem nem mesmo o direito a participar como cidadão. Há ainda que separar a "cópia ilegal" do "plágio". Se pudermos classificar em termos de gravidade, ambas são infrações gravíssimas, mas o plágio é a instância máxima do furto, a representação mais palpável da desonestidade.

Se você é aluno e fez um plágio ou está prestes a fazê-lo, pense duas vezes. Concordo, como professor, que atualmente é difícil, em muitos casos, identificar e provar uma situação de plágio. Esse seu erro irá beneficiá-lo temporariamente, mas irá prejudicá-lo e à sociedade de forma permanente, indelével. Disse um monge budista a um amigo meu certa vez: "O pior erro é aquele que você sabe que está errando".