26 maio 2006

Franco ou grosso?

Muitas vezes me pergunto: qual a diferença entre franqueza e grossura? Algumas pessoas que conheço acreditam que devem ser francas, independente de qualquer coisa. É preciso dizer a verdade mesmo que ela magoe. Ok, entendo esse ponto de vista, mas onde fica o lado humano? O compromisso com a “verdade” não significa que podemos pisar sobre os sentimentos das pessoas.

Em tudo nessa vida existe um limite. E a arte de viver, reside em saber quais são esses limites. Dizer o que se pensa sempre, em qualquer ocasião, da forma que melhor nos convém não é o mais adequado. Vejo isso pelo lado do professor que, muitas vezes, tem sob sua orientação, no cotidiano exercício da docência, pessoas que não tem vocação para o que estão se propondo a fazer.

Veja bem: eu digo vocação. Sou um fiel defensor de que todo ser humano é capaz, entretanto cada um a seu modo. Não existem pessoas burras, não existem pessoas incapazes. Existem pessoas que não descobriram sua real habilidade. Claro que sempre há os mais hábeis ou os mais preparados, mas todos PODEM. Sendo assim coloque-se no lugar de um aluno que o professor olha para ele, em meio a uma aula e diz: “Você é muito burro! O que você está fazendo aqui nesse curso? Isso não é pra você.”.

Quem não concordaria que esse “ensinante” (derrubo-o da categoria de professor) foi franco, sincero e honesto com o aluno? Mas foi também grosso, inumano, insensível, arrogante, prepotente e preconceituoso. O que aquele TAL curso tem de tão fantástico que aquele aluno não servia para ele? Aí reside a diferença entre franqueza e grossura: a compreensão e a gentileza.

Podemos dizer o que quisermos para qualquer pessoa. Basta saber COMO dizer-lhe. O trato com a linguagem é fundamental em casos como este e muitos outros. O momento, a oportunidade, o preparo da pessoa que vai nos ouvir, o local, as palavras, os argumentos, o tom de voz, o olhar desarmado, entre outros elementos, são realmente o que contarão na assimilação dessa mensagem. A mensagem em si diz pouco, a intenção e o meio de expressão dizem muito. Sermos pais, professores, chefes, líderes, supervisores, patrões exigem muito mais do que conhecimento técnico e experiência profissional, exigem preparo emocional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá professor
Sinceramente eu não conhecia esse seu lado escritor...
Quando recebi seu convite para dar uma olhadinha no seu blog, não apaguei, mas resolvi olhar depois, com mais calma e tempo! (com certeza não me arrependi)
Parabéns, adorei todas as suas postagens, seria ótimo todos terem acesso a isso... principalmente outros professores!
Um abraço sua ex aluna