Este verso de Vinícius de Moraes, que dá título a esta mensagem, fez-me lembrar de outras coisas além do amor, que o "poetinha" (apelido carinhoso pelo qual os amigos o chamavam) cantou tantas vezes. Chama, labareda, fogo, fogueira, incêndio, calor, tudo que lembra consumação máxima me lembra a juventude. Essa juventude para quem o mundo parece acabar daqui a meio segundo.
Para mim, há um certo e um errado em tudo isso... O errado é fazer tudo como se nenhuma conseqüência pudesse advir de suas atitudes e palavras. O errado é esquecer de que a vida longa também pode ser linda e glamorosa, não sendo necessário ser um James Dean ou uma Janis Joplin. O certo, ah, o certo!!! O certo está justamente em não ter medo de errar...
A juventude tem de ser passional (mas sem crimes). É preciso ter amigos leais e inimigos inteligentes. É preciso brigar e lutar por ideais, sejam eles políticos, sociais, culturais ou étnicos. É preciso conhecer a lei e lutar por seus direitos (mas deixar alguns deveres sem cumprir). É preciso discutir e exaltar-se. É preciso estudar demais, cabular aula, respeitar professores, fazer-lhes caricaturas, cantar o hino, xingar o presidente. É preciso tomar um porre seguro (entre amigos de verdade). É preciso fazer poemas (mesmo que sejam horríveis). É preciso mandar flores (de preferências roubadas de um jardim). É preciso pular o muro e catar carambolas frescas.
É preciso apaixonar-se todos os dias, nem que seja pela mesma pessoa. Se forem pessoas diferentes, que seja seguro. É preciso ser traído. É preciso ser abandonado. É preciso "levar toco". É preciso ser trocado(a) por outro(a). É preciso que a juventude seja intensa em experiências, sejam elas positivas ou negativas. Com a distância do tempo, você verá que nada foi tão bom assim ou ruim demais. E o melhor hoje é poder ter boas lembranças de tudo que se fez e ter aprendido.
30 maio 2006
29 maio 2006
Esquina da Poesia - 2
Mais uma segunda-feira... Para encará-la, uma poesia. E dessa vez, romântica e apaixonada.
O PRIMEIRO MOMENTO
Amar você não é tarefa simples,
pois que a mera lembrança
de teu sorriso de estrelas
faz-me perder a razão,
acelera-me a alma,
inquieta meu coração.
Amar você é tão simples,
pois que já é uma atitude involuntária.
O compasso de meu pulso marca instantes
entre a despedida e o retorno
a teus braços ternos e amantes
onde repousa meu coração.
Amar você é nada,
nada mais que amar você,
pois que no espaço
de nosso abraço
cabe um universo.
Na leveza de nosso carinhos
cabem a Lua o Sol, a terra e o mar.
No valor de nossa paixão,
vive o eterno primeiro momento
em que teus olhos procuraram os meus,
em que minha boca sentiu falta da tua;
em que nossas vidas se tornaram uma.
O PRIMEIRO MOMENTO
Amar você não é tarefa simples,
pois que a mera lembrança
de teu sorriso de estrelas
faz-me perder a razão,
acelera-me a alma,
inquieta meu coração.
Amar você é tão simples,
pois que já é uma atitude involuntária.
O compasso de meu pulso marca instantes
entre a despedida e o retorno
a teus braços ternos e amantes
onde repousa meu coração.
Amar você é nada,
nada mais que amar você,
pois que no espaço
de nosso abraço
cabe um universo.
Na leveza de nosso carinhos
cabem a Lua o Sol, a terra e o mar.
No valor de nossa paixão,
vive o eterno primeiro momento
em que teus olhos procuraram os meus,
em que minha boca sentiu falta da tua;
em que nossas vidas se tornaram uma.
28 maio 2006
Le Parkour e os guetos de Paris
Vejam como uma coisa leva a outra... Outro dia eu pesquisava na internet e descobri uns vídeos sobre uma modalidade esportiva chamada Le Parkour. É um esporte que consiste em trabalhar o corpo para superar obstáculos existentes numa paisagem urbana, conferindo ao praticante maior agilidade, controle motor e rapidez nas repostas instintivas. Do Le Parkour cheguei a conhecer um pouco sobre David Belle, um dos seus criadores e promotores pelo mundo. Do David Belle fiquei conhecendo sobre um filme em que participou, Distrito 13 (B13 - Banlieue 13).
O filme não pode se chamado de uma obra-prima e nem pode ser considerando imperdível, mas há dois aspectos que chamam atenção. A história desenrola-se numa Paris futurista, ano de 2010, na qual bairros considerados perigosos, são murados, a exemplo do Gueto de Varsóvia e da Berlim pós-2a Guerra Mundial). A entrada e a saída nesses distritos são controlados pela polícia e pelo departamento de segurança nacional.
O primeiro aspecto importante é a oportunidade de vermos David Belle demonstrando o Le Parkour na prática, em cenas extremamente incríveis e sem o uso de dublês ou efeitos especiais. O que em qualquer outro filme seria alvo de rótulos como "lenda" ou "fantasioso", aqui aparece altamente integrado à trama. É uma cena admirável que realmente prende a atenção, dada a excelência de movimentos praticados numa fuga de Leito (nome da personagem principal).
O segundo aspecto, para o qual temos de chamar mais atenção é para a preocupação social com as periferias da cidade de Paris. As pessoas pobres, em geral, filhos de imigrantes são isolados da parcela elitizada da cidade e vão tendo, aos poucos, seus direitos básicos negados, como educação, segurança, lazer, trabalho e saneamento básico. É o início de um plano de limpeza étnica.
Motivado pelos acontecimentos ocorridos no último ano e meio, em que centenas de carros eram queimados por dia e um festival de violência urbana dominava as ruas, o filme faz uma forte crítica a estas questões sociais. Não esperem um filme cabeça ou engajado, pois não é. É um filme de ação, com muitas lutas, rajadas de metralhadora, perseguição de carros. Agora, é inegável que exemplos fictícios como o do filme estão bem perto de serem tornados realidade em diversas partes do mundo, do Oriente Médio ao Rio de Janeiro, de Erechim a Los Angeles.
O filme não pode se chamado de uma obra-prima e nem pode ser considerando imperdível, mas há dois aspectos que chamam atenção. A história desenrola-se numa Paris futurista, ano de 2010, na qual bairros considerados perigosos, são murados, a exemplo do Gueto de Varsóvia e da Berlim pós-2a Guerra Mundial). A entrada e a saída nesses distritos são controlados pela polícia e pelo departamento de segurança nacional.
O primeiro aspecto importante é a oportunidade de vermos David Belle demonstrando o Le Parkour na prática, em cenas extremamente incríveis e sem o uso de dublês ou efeitos especiais. O que em qualquer outro filme seria alvo de rótulos como "lenda" ou "fantasioso", aqui aparece altamente integrado à trama. É uma cena admirável que realmente prende a atenção, dada a excelência de movimentos praticados numa fuga de Leito (nome da personagem principal).
O segundo aspecto, para o qual temos de chamar mais atenção é para a preocupação social com as periferias da cidade de Paris. As pessoas pobres, em geral, filhos de imigrantes são isolados da parcela elitizada da cidade e vão tendo, aos poucos, seus direitos básicos negados, como educação, segurança, lazer, trabalho e saneamento básico. É o início de um plano de limpeza étnica.
Motivado pelos acontecimentos ocorridos no último ano e meio, em que centenas de carros eram queimados por dia e um festival de violência urbana dominava as ruas, o filme faz uma forte crítica a estas questões sociais. Não esperem um filme cabeça ou engajado, pois não é. É um filme de ação, com muitas lutas, rajadas de metralhadora, perseguição de carros. Agora, é inegável que exemplos fictícios como o do filme estão bem perto de serem tornados realidade em diversas partes do mundo, do Oriente Médio ao Rio de Janeiro, de Erechim a Los Angeles.
27 maio 2006
A Ética do Jardineiro
Diariamente nosso mundo vive dilemas éticos. Atualmente, as principais questões são relacionadas à saúde. Células-tronco, tratamentos com placebo, uso de comunidades minoritárias ou pobres, abortos consentidos, eutanásia, clonagem... Essas palavras e conceitos estão ficando comuns em nosso dia-a-dia.
Entretanto, a vulgarização destes temas não pode permitir que haja menor controle e regulamentação dos mesmos. Isso lembra o provérbio latino “Quis custodiet ipsos custode?” (quem guarda o guardião?).Uma vez que os cientistas detêm a tecnologia e são relatores dos custos e benefícios, quem vigia esse conhecimento, protegendo a sociedade? Uma vez que políticos são diariamente expostos em casos de corrupção, quem protege a sociedade de seus decretos e autorizações para pesquisas de ética duvidosa?
A sociedade brasileira ainda é iniciante ao lidar com tais questões, até porque estamos em desvantagem global em muitas áreas. Isso acaba por fazer com que a grande maioria da sociedade esteja menos vigilante para tais questões. É um resquício da mentalidade colonial: se foi aprovado na Europa e nos EUA, deve ser bom... E usamos e aceitamos e ficamos felizes.
O filme “Jardineiro Fiel”, dirigido pelo premiado brasileiro Fernando Meirelles, lida com estas questões e mostra o desrespeito com que muitas corporações transnacionais têm tratado as nações pobres e em desenvolvimento. A saúde destas pessoas é vista apenas como campo de prova para medicamentos e práticas médicas, ditas inovadoras, mas sem comprovação através de ensaios laboratoriais e baseados em metodologias tendenciosas.
Nesta história, o jardineiro perde sua esposa e sua fé no sistema em que é diplomata de carreira, mas ganha a consciência que todos precisamos ampliar, fazendo valer a qualidade de cidadão. A ética do jardineiro (assistam também a “Muito Além do Jardim”, com o genial Peter Sellers) deve imperar sobre a ética do industrial.
Entretanto, a vulgarização destes temas não pode permitir que haja menor controle e regulamentação dos mesmos. Isso lembra o provérbio latino “Quis custodiet ipsos custode?” (quem guarda o guardião?).Uma vez que os cientistas detêm a tecnologia e são relatores dos custos e benefícios, quem vigia esse conhecimento, protegendo a sociedade? Uma vez que políticos são diariamente expostos em casos de corrupção, quem protege a sociedade de seus decretos e autorizações para pesquisas de ética duvidosa?
A sociedade brasileira ainda é iniciante ao lidar com tais questões, até porque estamos em desvantagem global em muitas áreas. Isso acaba por fazer com que a grande maioria da sociedade esteja menos vigilante para tais questões. É um resquício da mentalidade colonial: se foi aprovado na Europa e nos EUA, deve ser bom... E usamos e aceitamos e ficamos felizes.
O filme “Jardineiro Fiel”, dirigido pelo premiado brasileiro Fernando Meirelles, lida com estas questões e mostra o desrespeito com que muitas corporações transnacionais têm tratado as nações pobres e em desenvolvimento. A saúde destas pessoas é vista apenas como campo de prova para medicamentos e práticas médicas, ditas inovadoras, mas sem comprovação através de ensaios laboratoriais e baseados em metodologias tendenciosas.
Nesta história, o jardineiro perde sua esposa e sua fé no sistema em que é diplomata de carreira, mas ganha a consciência que todos precisamos ampliar, fazendo valer a qualidade de cidadão. A ética do jardineiro (assistam também a “Muito Além do Jardim”, com o genial Peter Sellers) deve imperar sobre a ética do industrial.
26 maio 2006
Em defesa da cachaça
Antes que pensem “esse cara é um alcoólatra”, explico que, antes de mais nada, sou um nacionalista e bebo apenas socialmente. A minha “defesa”, na verdade, é apenas uma constatação da tão arraigada mentalidade pseudo-européia que assola nossas classes sociais. E isso, desde a época do Brasil Colônia.
Na época de colônia e império vestiam-se no Brasil pesados casacos de lã inglesa e cartolas, acompanhados de bengalas. Claro que não podemos deixar de pesar o fator econômico dominante na época, que forçava os nossos comerciantes de tecidos e aviamentos a engolir as fazendas industrializadas na nação inglesa. Essas vestimentas nada tinham a ver com o tipo de clima brasileiro e nem com o tipo físico do cidadão da terra do pau-brasil, como bem ressalta Jô Soares na sua novela “O Xangô de Baker Street”.
Fora as vestimentas, o brasileiro sempre tentou se aculturar através de elementos que não estavam na sua raiz. A maioria sempre negou e maldisse o samba, o maxixe, a tapioca, a pamonha, o torresmo, a canoa, o guaraná e, sobretudo, a cachaça. Sim, a cachaça. Tratada quase como subproduto (primeiro produto reciclável?) da cana-de-açúcar, a cachaça sempre foi vista como bebida de nego, coisa de bugre, prazer de pobre.
Por quê? Eu não consigo responder a esta indagação, talvez algum historiador possa contribuir comigo. Perdemos e continuamos ainda a perder por não valorizar uma bebida feita exclusivamente com matéria-prima nacional e com know-how 100% nosso. Enquanto outros países valorizavam seus artigos nacionais e faziam deles marcas de divulgação cultural e produto número um na pauta de exportação, o brasileiro renegou e relegou a cachaça a um plano de coisas suja e vulgar.
A França, a Rússia, a Bélgica, a Escócia, o Japão, o Estados Unidos e os países árabes souberam valorizar suas bebidas típicas, criando um nível de excelência de forma a torná-las mundialmente conhecidas e apreciadas. Quem não sabe que um excelente champagne francês é caro? Por que há tanta adoração em torno das famosas vodkas originalmente russas? O monges belgas (trapiches) não são conhecidos por produzir algumas das melhores cervejas artesanais (e mesmo algumas em escala industrial)? E o famoso “puro malte escocês”, não é apreciado em todo o mundo? É possível ir pelo menos uma vez a um típico restaurante japonês sem provar o sakê? Qual conhecedor de bebidas não sabe da excelência dos melhores whiskies americanos? E quem vai a uma festa típicamente árabe sem morrer de curiosidade de conhecer o bom e fortíssimo arak?
A cachaça é a primeira bebida brasileira com forte apelo comercial e cultural que pode ser explorada em mercado global. A cachaça deixou de ser produzida apenas nos alambiques do pai daquele amigo na fazenda. Hoje existem especializações, qualificações profissionais e certificações de órgãos de classe dos produtores, atestando a grande qualidade, limpeza e seriedade da produção nacional. Agora, isto tudo posto, por que o próprio brasileiro permanece a considerar a cachaça como coisa de pinguço (palavra derivada de pinga, originada do fato de que a cachaça é uma bebida destilada que “pinga” lentamente durante o processo)?
Esse é um produto nacional e acredito que devemos começar a valorizá-lo. É preciso deixar de lado o preconceito e apreciar a cachaça de várias formas além da caipirinha. Isso sem contar o fato de que uma quantidade enorme de pessoas faz cara de nojo quando lhes oferecem caipirinha de cachaça, ao invés de “caipirinha de vodka” (para informação, isso não é caipirinha, é qualquer outra bebida, pois a receita da caipirinha é registrada mundialmente e conhecida por qualquer barman iniciante). Vamos começar a saborear a cachaça e distinguir o bom do mau produto. Quem quiser saber mais, consulte um dos endereços abaixo. Ah, e beba moderadamente!
Museu da Cachaça
Cachaça de Salinas
Wikipédia – Cachaça
Na época de colônia e império vestiam-se no Brasil pesados casacos de lã inglesa e cartolas, acompanhados de bengalas. Claro que não podemos deixar de pesar o fator econômico dominante na época, que forçava os nossos comerciantes de tecidos e aviamentos a engolir as fazendas industrializadas na nação inglesa. Essas vestimentas nada tinham a ver com o tipo de clima brasileiro e nem com o tipo físico do cidadão da terra do pau-brasil, como bem ressalta Jô Soares na sua novela “O Xangô de Baker Street”.
Fora as vestimentas, o brasileiro sempre tentou se aculturar através de elementos que não estavam na sua raiz. A maioria sempre negou e maldisse o samba, o maxixe, a tapioca, a pamonha, o torresmo, a canoa, o guaraná e, sobretudo, a cachaça. Sim, a cachaça. Tratada quase como subproduto (primeiro produto reciclável?) da cana-de-açúcar, a cachaça sempre foi vista como bebida de nego, coisa de bugre, prazer de pobre.
Por quê? Eu não consigo responder a esta indagação, talvez algum historiador possa contribuir comigo. Perdemos e continuamos ainda a perder por não valorizar uma bebida feita exclusivamente com matéria-prima nacional e com know-how 100% nosso. Enquanto outros países valorizavam seus artigos nacionais e faziam deles marcas de divulgação cultural e produto número um na pauta de exportação, o brasileiro renegou e relegou a cachaça a um plano de coisas suja e vulgar.
A França, a Rússia, a Bélgica, a Escócia, o Japão, o Estados Unidos e os países árabes souberam valorizar suas bebidas típicas, criando um nível de excelência de forma a torná-las mundialmente conhecidas e apreciadas. Quem não sabe que um excelente champagne francês é caro? Por que há tanta adoração em torno das famosas vodkas originalmente russas? O monges belgas (trapiches) não são conhecidos por produzir algumas das melhores cervejas artesanais (e mesmo algumas em escala industrial)? E o famoso “puro malte escocês”, não é apreciado em todo o mundo? É possível ir pelo menos uma vez a um típico restaurante japonês sem provar o sakê? Qual conhecedor de bebidas não sabe da excelência dos melhores whiskies americanos? E quem vai a uma festa típicamente árabe sem morrer de curiosidade de conhecer o bom e fortíssimo arak?
A cachaça é a primeira bebida brasileira com forte apelo comercial e cultural que pode ser explorada em mercado global. A cachaça deixou de ser produzida apenas nos alambiques do pai daquele amigo na fazenda. Hoje existem especializações, qualificações profissionais e certificações de órgãos de classe dos produtores, atestando a grande qualidade, limpeza e seriedade da produção nacional. Agora, isto tudo posto, por que o próprio brasileiro permanece a considerar a cachaça como coisa de pinguço (palavra derivada de pinga, originada do fato de que a cachaça é uma bebida destilada que “pinga” lentamente durante o processo)?
Esse é um produto nacional e acredito que devemos começar a valorizá-lo. É preciso deixar de lado o preconceito e apreciar a cachaça de várias formas além da caipirinha. Isso sem contar o fato de que uma quantidade enorme de pessoas faz cara de nojo quando lhes oferecem caipirinha de cachaça, ao invés de “caipirinha de vodka” (para informação, isso não é caipirinha, é qualquer outra bebida, pois a receita da caipirinha é registrada mundialmente e conhecida por qualquer barman iniciante). Vamos começar a saborear a cachaça e distinguir o bom do mau produto. Quem quiser saber mais, consulte um dos endereços abaixo. Ah, e beba moderadamente!
Museu da Cachaça
Cachaça de Salinas
Wikipédia – Cachaça
Franco ou grosso?
Muitas vezes me pergunto: qual a diferença entre franqueza e grossura? Algumas pessoas que conheço acreditam que devem ser francas, independente de qualquer coisa. É preciso dizer a verdade mesmo que ela magoe. Ok, entendo esse ponto de vista, mas onde fica o lado humano? O compromisso com a “verdade” não significa que podemos pisar sobre os sentimentos das pessoas.
Em tudo nessa vida existe um limite. E a arte de viver, reside em saber quais são esses limites. Dizer o que se pensa sempre, em qualquer ocasião, da forma que melhor nos convém não é o mais adequado. Vejo isso pelo lado do professor que, muitas vezes, tem sob sua orientação, no cotidiano exercício da docência, pessoas que não tem vocação para o que estão se propondo a fazer.
Veja bem: eu digo vocação. Sou um fiel defensor de que todo ser humano é capaz, entretanto cada um a seu modo. Não existem pessoas burras, não existem pessoas incapazes. Existem pessoas que não descobriram sua real habilidade. Claro que sempre há os mais hábeis ou os mais preparados, mas todos PODEM. Sendo assim coloque-se no lugar de um aluno que o professor olha para ele, em meio a uma aula e diz: “Você é muito burro! O que você está fazendo aqui nesse curso? Isso não é pra você.”.
Quem não concordaria que esse “ensinante” (derrubo-o da categoria de professor) foi franco, sincero e honesto com o aluno? Mas foi também grosso, inumano, insensível, arrogante, prepotente e preconceituoso. O que aquele TAL curso tem de tão fantástico que aquele aluno não servia para ele? Aí reside a diferença entre franqueza e grossura: a compreensão e a gentileza.
Podemos dizer o que quisermos para qualquer pessoa. Basta saber COMO dizer-lhe. O trato com a linguagem é fundamental em casos como este e muitos outros. O momento, a oportunidade, o preparo da pessoa que vai nos ouvir, o local, as palavras, os argumentos, o tom de voz, o olhar desarmado, entre outros elementos, são realmente o que contarão na assimilação dessa mensagem. A mensagem em si diz pouco, a intenção e o meio de expressão dizem muito. Sermos pais, professores, chefes, líderes, supervisores, patrões exigem muito mais do que conhecimento técnico e experiência profissional, exigem preparo emocional.
Em tudo nessa vida existe um limite. E a arte de viver, reside em saber quais são esses limites. Dizer o que se pensa sempre, em qualquer ocasião, da forma que melhor nos convém não é o mais adequado. Vejo isso pelo lado do professor que, muitas vezes, tem sob sua orientação, no cotidiano exercício da docência, pessoas que não tem vocação para o que estão se propondo a fazer.
Veja bem: eu digo vocação. Sou um fiel defensor de que todo ser humano é capaz, entretanto cada um a seu modo. Não existem pessoas burras, não existem pessoas incapazes. Existem pessoas que não descobriram sua real habilidade. Claro que sempre há os mais hábeis ou os mais preparados, mas todos PODEM. Sendo assim coloque-se no lugar de um aluno que o professor olha para ele, em meio a uma aula e diz: “Você é muito burro! O que você está fazendo aqui nesse curso? Isso não é pra você.”.
Quem não concordaria que esse “ensinante” (derrubo-o da categoria de professor) foi franco, sincero e honesto com o aluno? Mas foi também grosso, inumano, insensível, arrogante, prepotente e preconceituoso. O que aquele TAL curso tem de tão fantástico que aquele aluno não servia para ele? Aí reside a diferença entre franqueza e grossura: a compreensão e a gentileza.
Podemos dizer o que quisermos para qualquer pessoa. Basta saber COMO dizer-lhe. O trato com a linguagem é fundamental em casos como este e muitos outros. O momento, a oportunidade, o preparo da pessoa que vai nos ouvir, o local, as palavras, os argumentos, o tom de voz, o olhar desarmado, entre outros elementos, são realmente o que contarão na assimilação dessa mensagem. A mensagem em si diz pouco, a intenção e o meio de expressão dizem muito. Sermos pais, professores, chefes, líderes, supervisores, patrões exigem muito mais do que conhecimento técnico e experiência profissional, exigem preparo emocional.
24 maio 2006
A Incompetência dos Outros
Certa vez eu conversava com um aluno que fez o seguinte questionamento: "Professor, por que alguns outros professores nos tratam como idiotas?". Achei muito forte aquela pergunta e logo indaguei o porquê de tanta indignação. Ele explicou-me que um certo professor, apos ser interrompido por uma dúvida acerca da aplicação prática de uma técnica que acabara de ensinar, respondeu que o aluno não tinha necessidade de saber disso naquele momento.
Bem, não preciso nem dizer que as indignações desse aluno não pararam por aí. Ele questionou o fato de professores aplicarem provas que não ressaltavam nada mais do que a decoreba dos alunos. Ele questionou os trabalhos fáceis. Ele questionou o uso de apostilas ao invés de livros consagrados. Esse aluno não era um exemplo da massa. Até aquele momento em que conversávamos era um dos destaques do curso.
Eu tive de dar uma resposta veloz, pois sua raiva era muita, necessitava solução. E a reflexão que fiz, naquele momento, expressa a minha inquietude, até hoje, com relação a muitos (a maioria absoluta) dos alunos que chegam a um curso de nível superior. Vejam, não estou acusando, estou relatando uma constatação. Para alguns a carapuça servirá, para outros haverá indignação maior ainda que a do colega acima.
Os professores verdadeiramente comprometidos com o seu ofício, e aqui me incluo, são acionados pela ânsia e ambição de conhecimento de seus alunos demonstram. Ninguém jamais irá oferecer, profissionalmente, mais do que aquilo que o exigem. Explico. As pessoas aprendem a operar em suas habilidades profissionais na medida em que seus chefes, supervisores e mestres acionam sua capacidade, sua responsabilidade, seu compromisso com a qualidade máxima.
Se uma turma de alunos exige de um professor o melhor dele, só há duas saídas: ou ele demonstra sua real incompetência para o assunto (ou para a docência) ou ele irá evoluir e corresponder a esta expectativa. Para um professor que se enquadra no segundo caso, não há nada pior que uma turma que não corresponda ao seu desejo de ensinar. Quão frustante é ouvir reclamações de que os trabalhos são difíceis, os prazos são apertados, há muito conteúdo, a aula vai até muito tarde.
E é assim que tenho vivido minhas "noites" de docente. Muitos alunos (desculpem-me os que não se enquadram) que são incapazes de compreender a real essência e relevância de um curso superior. Muitos aluos não compreendem o impacto profundo que os 4-5 anos de curso superior poderão ter em suas vidas. O ofício, a profissão de um ser humano passa a ser, na vida adulta, tão importante quanto a família, o amor, a saúde, a espiritualidade.
É fundamental que alterem seu conceito acerca da universidade. É preponderante que exijam ser exigidos. É necessário que estejam dispostos a provar sua real capacidade, chegar ao seu limite, mostrar o que suas mentes criativas e plenas de energia podem fazer pela sociedade e pelo mundo em constante inovação. É importante que deixem a incompetência para os outros.
Bem, não preciso nem dizer que as indignações desse aluno não pararam por aí. Ele questionou o fato de professores aplicarem provas que não ressaltavam nada mais do que a decoreba dos alunos. Ele questionou os trabalhos fáceis. Ele questionou o uso de apostilas ao invés de livros consagrados. Esse aluno não era um exemplo da massa. Até aquele momento em que conversávamos era um dos destaques do curso.
Eu tive de dar uma resposta veloz, pois sua raiva era muita, necessitava solução. E a reflexão que fiz, naquele momento, expressa a minha inquietude, até hoje, com relação a muitos (a maioria absoluta) dos alunos que chegam a um curso de nível superior. Vejam, não estou acusando, estou relatando uma constatação. Para alguns a carapuça servirá, para outros haverá indignação maior ainda que a do colega acima.
Os professores verdadeiramente comprometidos com o seu ofício, e aqui me incluo, são acionados pela ânsia e ambição de conhecimento de seus alunos demonstram. Ninguém jamais irá oferecer, profissionalmente, mais do que aquilo que o exigem. Explico. As pessoas aprendem a operar em suas habilidades profissionais na medida em que seus chefes, supervisores e mestres acionam sua capacidade, sua responsabilidade, seu compromisso com a qualidade máxima.
Se uma turma de alunos exige de um professor o melhor dele, só há duas saídas: ou ele demonstra sua real incompetência para o assunto (ou para a docência) ou ele irá evoluir e corresponder a esta expectativa. Para um professor que se enquadra no segundo caso, não há nada pior que uma turma que não corresponda ao seu desejo de ensinar. Quão frustante é ouvir reclamações de que os trabalhos são difíceis, os prazos são apertados, há muito conteúdo, a aula vai até muito tarde.
E é assim que tenho vivido minhas "noites" de docente. Muitos alunos (desculpem-me os que não se enquadram) que são incapazes de compreender a real essência e relevância de um curso superior. Muitos aluos não compreendem o impacto profundo que os 4-5 anos de curso superior poderão ter em suas vidas. O ofício, a profissão de um ser humano passa a ser, na vida adulta, tão importante quanto a família, o amor, a saúde, a espiritualidade.
É fundamental que alterem seu conceito acerca da universidade. É preponderante que exijam ser exigidos. É necessário que estejam dispostos a provar sua real capacidade, chegar ao seu limite, mostrar o que suas mentes criativas e plenas de energia podem fazer pela sociedade e pelo mundo em constante inovação. É importante que deixem a incompetência para os outros.
23 maio 2006
O Fanatismo Anti-Religioso
Antes de mais nada: essa mensagem (post) é apenas um posicionamento, uma opinião, não tenho a intenção de elaborar polêmicas. Durante a última semana, estive observando no Orkut e em alguns blogs da Internet comunidades e pessoas que se dizem "ateus", "livre de crenças" ou "livres de deuses".
Não quero discutir a validade de tais "crenças", pois eles também crêem que Deus não existe. Isso não seria uma crença? Crêem que estão no mundo e no universo por si sós. Isso também não seria uma crença? E ai poderiam ser interpostas uma série muito grande de questionamentos; contudo, o que mais me chama a atenção é que em nada diferem dos ditos fanáticos religiosos. Poderia dizer que são os fanáticos anti-religiosos.
Basta pesquisar e constatar que tratam as crenças, credos, seitas e religiões como "idiotices", coisa de gente "estúpida", "sem conhecimento", "ignorante". É nesse ponto que se revelam como intolerantes, da mesma forma como são intolerantes os islâmicos terroristas na sua busca pelo céu de Alá, explodindo gente inocente. São intolerantes como a Inquisição Católica queimando bruxas. São intolerantes como evangélicos que chutam, tripudiam e cospem em imagens sagradas de outras religiões.
Tais atitudes são todas incongruentes com o humanismo, com a compaixão, com a civilidade. Não vejo dificuldade em ser ateu e esquecer as ofensas ao restante do mundo que crê num Deus, Alá, Jeová, Buda, Maomé, Cristo, Krishna ou qualquer outro ser dito como iluminado, divino ou profético. A tolerância religiosa (ou atéica) parece-me ser uma atitude tão simples a ser tomada que não tê-la chega a ser, isso sim, uma estupidez, uma ignorância, uma falta de conhecimento. A paz da consciência aberta e livre para crer, descrer ou não crer é fundamental para a paz mundial.
Agora, acusar uma pessoa crente de ignorante ou burra é uma violência. Quem assim age e está sendo tão ou mais violento quanto toda as atitudes historicamente conhecidas de violência religiosa. As pessoas têm direito à sua dignidade e ao respeito ao seu credo (ou não-credo). Vamos sim lutar pelo direito de todos, sem ofensas, sem máculas, sem desrespeito.
Não quero discutir a validade de tais "crenças", pois eles também crêem que Deus não existe. Isso não seria uma crença? Crêem que estão no mundo e no universo por si sós. Isso também não seria uma crença? E ai poderiam ser interpostas uma série muito grande de questionamentos; contudo, o que mais me chama a atenção é que em nada diferem dos ditos fanáticos religiosos. Poderia dizer que são os fanáticos anti-religiosos.
Basta pesquisar e constatar que tratam as crenças, credos, seitas e religiões como "idiotices", coisa de gente "estúpida", "sem conhecimento", "ignorante". É nesse ponto que se revelam como intolerantes, da mesma forma como são intolerantes os islâmicos terroristas na sua busca pelo céu de Alá, explodindo gente inocente. São intolerantes como a Inquisição Católica queimando bruxas. São intolerantes como evangélicos que chutam, tripudiam e cospem em imagens sagradas de outras religiões.
Tais atitudes são todas incongruentes com o humanismo, com a compaixão, com a civilidade. Não vejo dificuldade em ser ateu e esquecer as ofensas ao restante do mundo que crê num Deus, Alá, Jeová, Buda, Maomé, Cristo, Krishna ou qualquer outro ser dito como iluminado, divino ou profético. A tolerância religiosa (ou atéica) parece-me ser uma atitude tão simples a ser tomada que não tê-la chega a ser, isso sim, uma estupidez, uma ignorância, uma falta de conhecimento. A paz da consciência aberta e livre para crer, descrer ou não crer é fundamental para a paz mundial.
Agora, acusar uma pessoa crente de ignorante ou burra é uma violência. Quem assim age e está sendo tão ou mais violento quanto toda as atitudes historicamente conhecidas de violência religiosa. As pessoas têm direito à sua dignidade e ao respeito ao seu credo (ou não-credo). Vamos sim lutar pelo direito de todos, sem ofensas, sem máculas, sem desrespeito.
22 maio 2006
Esquina da Poesia
Segunda-feira, esquina da semana, dia em que tudo vira. Descanso vira trabalho. Tranqüilidade vira compromisso. Liberdade vira planejamento. Gourmet vira fast-food. Passarinho vira buzina. Caminhada vira tráfego. Escolhi esse dia nesse blog para ser o dia em que vou colocar uma poesia nova, alguma que eu ainda não tenha incluído no meu primeiro livro, "Coração Brasileiro". E começo com esta a seguir...
ÁLGEBRA DE SENTIMENTOS
Desilusão
é diferença entre o amor que sente
e o amor que recebe.
Saudade
é o produto do amor que existe
pela distância que separa,
elevado ao tempo da ausência.
Tempo
é a razão inversa do prazer.
Prazer
é a soma do romantismo inocente
com a vulgaridade permitida
e as fantasias reprimidas.
Romance
é a intersecção da felicidade de duas pessoas
com a desilusão de outras tantas.
ÁLGEBRA DE SENTIMENTOS
Desilusão
é diferença entre o amor que sente
e o amor que recebe.
Saudade
é o produto do amor que existe
pela distância que separa,
elevado ao tempo da ausência.
Tempo
é a razão inversa do prazer.
Prazer
é a soma do romantismo inocente
com a vulgaridade permitida
e as fantasias reprimidas.
Romance
é a intersecção da felicidade de duas pessoas
com a desilusão de outras tantas.
21 maio 2006
Nascidos em Bordéis
Desde os meus tempos de faculdade (já vão lá mais de 12 anos) desenvolvi um gosto em assistir a documentários. SIM, eu sou uma dessas pessoas que são a razão pela qual existe a secão de documentários e clássicos nas locadoras de vídeo. Costumeiramente eu vou à locadora só pela curiosidade de ver se existe algo novo e interessante. E esse é o grande barato: não estar procurando nada, para poder encontrar tudo (filosofia budista). Toda vez que vou à locadora sem objetivos acabo por encontrar os melhore filmes que já vi na vida.
Nesse sábado, sem nada pra fazer, já no finzinho do expediente da locadora, fui buscar algum filme. E encontrei!!! Sempre fui apaixonado pela fotografia e muitas outras formas de expressão artística, como a escultura e a poesia. Então vi um filme, cuja sinopse dizia:
"O aparente enriquecimento da Índia deixa de lado os menos favorecidos. Nesse contexto, os menos privilegiados são as crianças filhas de prostitutas do bairro mais pobre da cidade. Porém, ainda há esperança. Os diretores Zana Briski e Ross Kauffman procuram essas crianças e munidos de câmeras fotográficas pedem para eles fazerem retratos de tudo que lhes chama a atenção. Os resultados são emocionantes. E enquanto as crianças vão descobrindo essa nova forma de se expressar, os cineastas lutam para poder dar mais esperança e uma vida melhor a essas crianças, para as quais a probreza é a maior ameaça à realização dos sonhos."
Ganhador do Oscar de melhor documentário de 2005, Nascidos em Bordéis é o exemplo mais palpável de como vidas podem ser tocadas e transformadas através de simples iniciativas. As crianças retratadas no filme - Shanti, Kochi, Puja, Mamoni, Tapasi, Avijit, Gour, Manik e Suchitra - são filhas de meretrizes e estavam imersas num mundo que envolve coisas tão "suaves" quanto gigolôs, tráfico de drogas, violência, prostituição infantil e falta de saneamento básico.
Zana Briski, fotógrafa, com mestrado na Unversidade de Cambridge conseguiu, dando aulas de fotografia básica e presenteando as crianças com câmeras analógicas (salve, salve, ainda existem filmes fotográficos), que essas almas sedentas de esperança pudessem ser conhecidas pelo mundo e ter uma chance de sobreviver fora da marginalidade. Zana partiu de um simples trabalho fotográfico, envolvendo a documentação da vida das mulheres do distrito da Luz Vermelha, em Calcutá. Deste trabalho, Zana envolveu-se com estas crianças e hoje seu trabalho ganha novos espaços através da fundação Kids With Cameras.
Este filme é uma inspiração, uma amostra de que cada um pode fazer sua parte por um mundo melhor. E se você não pode ajudar muitos, faça muito por poucos, fazendo o melhor que você sabe fazer. Isso pode ser tão simples quanto sorrir, conversar, ouvir, caminhar ao lado, presentear com um conjunto de lápis de cores, ensinar computação, bordado, judô, fotografia, teatro, agricultura...
Nesse sábado, sem nada pra fazer, já no finzinho do expediente da locadora, fui buscar algum filme. E encontrei!!! Sempre fui apaixonado pela fotografia e muitas outras formas de expressão artística, como a escultura e a poesia. Então vi um filme, cuja sinopse dizia:
"O aparente enriquecimento da Índia deixa de lado os menos favorecidos. Nesse contexto, os menos privilegiados são as crianças filhas de prostitutas do bairro mais pobre da cidade. Porém, ainda há esperança. Os diretores Zana Briski e Ross Kauffman procuram essas crianças e munidos de câmeras fotográficas pedem para eles fazerem retratos de tudo que lhes chama a atenção. Os resultados são emocionantes. E enquanto as crianças vão descobrindo essa nova forma de se expressar, os cineastas lutam para poder dar mais esperança e uma vida melhor a essas crianças, para as quais a probreza é a maior ameaça à realização dos sonhos."
Ganhador do Oscar de melhor documentário de 2005, Nascidos em Bordéis é o exemplo mais palpável de como vidas podem ser tocadas e transformadas através de simples iniciativas. As crianças retratadas no filme - Shanti, Kochi, Puja, Mamoni, Tapasi, Avijit, Gour, Manik e Suchitra - são filhas de meretrizes e estavam imersas num mundo que envolve coisas tão "suaves" quanto gigolôs, tráfico de drogas, violência, prostituição infantil e falta de saneamento básico.
Zana Briski, fotógrafa, com mestrado na Unversidade de Cambridge conseguiu, dando aulas de fotografia básica e presenteando as crianças com câmeras analógicas (salve, salve, ainda existem filmes fotográficos), que essas almas sedentas de esperança pudessem ser conhecidas pelo mundo e ter uma chance de sobreviver fora da marginalidade. Zana partiu de um simples trabalho fotográfico, envolvendo a documentação da vida das mulheres do distrito da Luz Vermelha, em Calcutá. Deste trabalho, Zana envolveu-se com estas crianças e hoje seu trabalho ganha novos espaços através da fundação Kids With Cameras.
Este filme é uma inspiração, uma amostra de que cada um pode fazer sua parte por um mundo melhor. E se você não pode ajudar muitos, faça muito por poucos, fazendo o melhor que você sabe fazer. Isso pode ser tão simples quanto sorrir, conversar, ouvir, caminhar ao lado, presentear com um conjunto de lápis de cores, ensinar computação, bordado, judô, fotografia, teatro, agricultura...
20 maio 2006
Questionando dogmas
Eu devia ter uns 5 anos naquela época, quando decidi que jamais aceitaria qualquer coisa que eu não pudesse entender. A situação que me motivou a isso em idade tão tenra foi um aula de religião ainda na pré-escola. Naquela época, já havia começado a desenvolver-se em mim minhas preferências musicais e minha sensibilidade para as artes.
Gostava muito de ouvir e ver cantar a inesquecível e moreníssima Clara Nunes, com o chocalho de Angola amarrado na canela. Clara era uma cantora iluminada, uma pessoa cujo sorriso podia encantar até o mais rude marginal. Clara era alegria, sensualidade, paz, magia, bondade numa demonstração única de um ser que com certeza tinha inclinação e atitude de caridade, honestidade, altruísmo e verdade. Clara era adepta de religiões afro-brasileiras. Não consigo lembrar-me agora se era umbanda, candomblé, quimbanda, macumba ou qualquer outra similar.
Apenas uma certeza me tomou o coração: ela era uma pessoa boa e sua religião deveria pregar isso. Era um exemplo que me dava certeza. Isso ia de encontro às palavras que ouvia naquela aula de religião a que eu assistira: umbanda era coisa de gente que gostava do diabo. Como? Isso mesmo. Era totalmente incompatível, mesmo para mim, o conceito de que alguém tão iluminada e cheia de paz e doçura nos gestos e palavras podia ser uma adoradora do diabo.
Mas esta era a idéia que a igreja católica e a grande maioria de seus adeptos tenta passar a centenas de anos: tudo que é fora da Igreja não é de Deus. Mataram bruxas, sacrificaram hereges, queimaram o conhecimento da antiguidade, desvirtuaram as ciências, controlaram a política. Isso fez a Igreja nesses 2000 anos. Mas não só ela, mas todas as demais religiões repletas de fanáticos e seres mesquinhos e ambiciosos.
De tempos em tempos isso se repete, com maior ou menor intensidade. Por isso mesmo recomendo a todos que assistam, independente do credo que professem, assistam ao filme Código da Vinci. Seja um bom filme ou não (em outra ocasião farei meu comentário sobre o mesmo), ele questiona, ele pergunta, ele tira novas conclusões. Filmes como Código Da Vinci, Je Vous Salue Marie, A Última Tentação de Cristo e O Nome da Rosa são questionadores e devem ser vistos e revistos.
Filmes como estes não só nos fazem sacudir os conceitos e dogmas arraigados em nossa cultura pessoal. Sacudí-los nos faz tirar a poeira deles e verificar a utilidade dos mesmos. E são três caminhos a seguir: deixar como está (a atitude mais covarde e comodista), jogar fora (o que normalmente é feito com itens inúteis) ou reciclar o uso (renovar, resgatar, reconquistar para si).
Será que a relutância em confrontar esse dogmas não está justamente fundamentada no medo de ter que "jogar fora". Isso pode mudar uma vida, isso pode mudar toda nossa visão de quem somos. Questione-se, questione sua sociedade, seus conhecimentos, seu mundo. O resultado será muito positivo.
Gostava muito de ouvir e ver cantar a inesquecível e moreníssima Clara Nunes, com o chocalho de Angola amarrado na canela. Clara era uma cantora iluminada, uma pessoa cujo sorriso podia encantar até o mais rude marginal. Clara era alegria, sensualidade, paz, magia, bondade numa demonstração única de um ser que com certeza tinha inclinação e atitude de caridade, honestidade, altruísmo e verdade. Clara era adepta de religiões afro-brasileiras. Não consigo lembrar-me agora se era umbanda, candomblé, quimbanda, macumba ou qualquer outra similar.
Apenas uma certeza me tomou o coração: ela era uma pessoa boa e sua religião deveria pregar isso. Era um exemplo que me dava certeza. Isso ia de encontro às palavras que ouvia naquela aula de religião a que eu assistira: umbanda era coisa de gente que gostava do diabo. Como? Isso mesmo. Era totalmente incompatível, mesmo para mim, o conceito de que alguém tão iluminada e cheia de paz e doçura nos gestos e palavras podia ser uma adoradora do diabo.
Mas esta era a idéia que a igreja católica e a grande maioria de seus adeptos tenta passar a centenas de anos: tudo que é fora da Igreja não é de Deus. Mataram bruxas, sacrificaram hereges, queimaram o conhecimento da antiguidade, desvirtuaram as ciências, controlaram a política. Isso fez a Igreja nesses 2000 anos. Mas não só ela, mas todas as demais religiões repletas de fanáticos e seres mesquinhos e ambiciosos.
De tempos em tempos isso se repete, com maior ou menor intensidade. Por isso mesmo recomendo a todos que assistam, independente do credo que professem, assistam ao filme Código da Vinci. Seja um bom filme ou não (em outra ocasião farei meu comentário sobre o mesmo), ele questiona, ele pergunta, ele tira novas conclusões. Filmes como Código Da Vinci, Je Vous Salue Marie, A Última Tentação de Cristo e O Nome da Rosa são questionadores e devem ser vistos e revistos.
Filmes como estes não só nos fazem sacudir os conceitos e dogmas arraigados em nossa cultura pessoal. Sacudí-los nos faz tirar a poeira deles e verificar a utilidade dos mesmos. E são três caminhos a seguir: deixar como está (a atitude mais covarde e comodista), jogar fora (o que normalmente é feito com itens inúteis) ou reciclar o uso (renovar, resgatar, reconquistar para si).
Será que a relutância em confrontar esse dogmas não está justamente fundamentada no medo de ter que "jogar fora". Isso pode mudar uma vida, isso pode mudar toda nossa visão de quem somos. Questione-se, questione sua sociedade, seus conhecimentos, seu mundo. O resultado será muito positivo.
19 maio 2006
AIT : Antes do Início dos Tempos - O começo de um blog
Tenho a dizer que nunca me atraiu a idéia de escrever um blog, mas confesso que sempre tive uma intensa curiosidade. Qual a verdadeira emoção escondida por trás desta mania cada vez mais crescente no universo virtual? Por que tantas pessoas, de diferente idades, credos, culturas, línguas e opiniões são tão motivadas em publicar suas idéias?
Em resumo eu opino: perpetuação da espécie. Sim, a Internet parece estipular ao ser humano uma nova modalidade de seleção natural: os somente-físicos, os físico-virtuais e os virtuais. Três classes de pessoas que se definem segundo seus objetivos, percepções e coragem para expor e agir em diferentes planos sociais.
No primeiro plano estão aqueles que não se renderam ou se recusam a entrar ou assimilar as novas tecnologias que globalizam o homeme e sua cultura. Nada contra. Nada contra. São visões do mundo e decisões particulares.
No segundo plano estão as pessoas que trafegam dentro dos dois ambientes. São pessoas que se portam e agem com fluência no que poderíamos chamar de "mundo físico". Têm a mesma fluência que os do primeiro plano - os somente físicos. Entretanto, estes indivíduos incluem em sua rotina o espaço virtual, das novas tecnologias, da internet, da hipermídia e do hipertexto. São os seres mais bem adaptados de todos.
No terceiro plano há as pessoas que eu considero que necessitam de maior ajuda. Essas pessoas não tê vida social, são excluídos do universo físico por inúmeras razões distintas, e refugiam-se no mundo virtual. Criam vida, personalidade, ações que só existem "de facto" nesse ambiente. Com certeza acabam por manipular ou influenciar o mundo físico, mas essas pessoas não existem socialmente.
Onde eu me incluo: no segundo grupo. Sou filho da geração cujo maior avanço tecnológico era o vídeo-cassete e o console Atari. Cresci assim, mas alfabetizei-me na segunda cartilha: a informática. O blog era a ferramenta que ainda não me impressionava, contudo resolvi experimentar... Vamos ver! Experimentar, na minha opinião é o primeiro passo para apaixonar ou para odiar algo/alguém. Pelo menos se eu detestar essa mania, vou poder dizer de cadeira...
Em resumo eu opino: perpetuação da espécie. Sim, a Internet parece estipular ao ser humano uma nova modalidade de seleção natural: os somente-físicos, os físico-virtuais e os virtuais. Três classes de pessoas que se definem segundo seus objetivos, percepções e coragem para expor e agir em diferentes planos sociais.
No primeiro plano estão aqueles que não se renderam ou se recusam a entrar ou assimilar as novas tecnologias que globalizam o homeme e sua cultura. Nada contra. Nada contra. São visões do mundo e decisões particulares.
No segundo plano estão as pessoas que trafegam dentro dos dois ambientes. São pessoas que se portam e agem com fluência no que poderíamos chamar de "mundo físico". Têm a mesma fluência que os do primeiro plano - os somente físicos. Entretanto, estes indivíduos incluem em sua rotina o espaço virtual, das novas tecnologias, da internet, da hipermídia e do hipertexto. São os seres mais bem adaptados de todos.
No terceiro plano há as pessoas que eu considero que necessitam de maior ajuda. Essas pessoas não tê vida social, são excluídos do universo físico por inúmeras razões distintas, e refugiam-se no mundo virtual. Criam vida, personalidade, ações que só existem "de facto" nesse ambiente. Com certeza acabam por manipular ou influenciar o mundo físico, mas essas pessoas não existem socialmente.
Onde eu me incluo: no segundo grupo. Sou filho da geração cujo maior avanço tecnológico era o vídeo-cassete e o console Atari. Cresci assim, mas alfabetizei-me na segunda cartilha: a informática. O blog era a ferramenta que ainda não me impressionava, contudo resolvi experimentar... Vamos ver! Experimentar, na minha opinião é o primeiro passo para apaixonar ou para odiar algo/alguém. Pelo menos se eu detestar essa mania, vou poder dizer de cadeira...
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