(em agradecimento ao meu amigo Ricardo Fantinelli)
Até onde vai a intolerância humana? Até onde o racismo e o preconceito podem guiar nossas vidas? Até onde uma raça ou etnia tem prevalência sobre outra? Até onde nossos problemas pessoais podem manifestar-se numa violência gratuita contra a sociedade? Esse é o mote do fenomenal filme intitulado "Crash".
A princípio um protótipo de novela global, com muitos núcleos sociais interligados por fatalidades e casualidades, o filme desenvolve-se aos poucos como uma excelente crítica social. Latinos, orientais, muçulmanos, negros, brancos misturados em suas histórias e atividades cotidianas, fortemente permeadas pelo preconceito e pela intolerância de diversos aspectos. O filme mostra hoje o caldeirão de culturas e a diversidade de sentimentos que representa a sociedade estadunidense.
Talvez uma reflexão motivada ainda pelo "11 de setembro", "Crash" consegue mostrar que não só a cidade de Los Angeles, mas todo mundo globalizado está sofrendo de uma paz forçada. Sentimentos de desagregação social, degradação de costumes, falta de oportunidade, desesperança, impunidade e desamparo estão levando minorias pobres e imigrantes a um beco sem fim. Estão vislumbrando que o Estado outrora paternalista, regulador e provedor não pode mais protegê-los, não está mais preocupado exclusivamente com eles, mas com eles e todo o restante que pressiona externamente as fronteiras e a imagem do país.
Um roteiro muito bem montado, com excelente atores da nova geração, "Crash" não desmente a premiações dos Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original (Paul Haggis e Bobby Moresco), Melhor Edição (Hughes Winborne), além das indicações para Melhor Diretor (Paul Haggis) e Melhor Ator (Matt Dillon). Este é um daqueles filmes para serem vistos duas ou três vezes em seqüência, para ser possível abraçar todas as possíveis interpretações e apreciar cada uma das excelentes características dessa inegável obra de arte.
04 junho 2006
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