26 setembro 2006

Dicionário Prático de Mineirês

Esse blog não vive apenas de momentos profundos e reflexivos... No último post, "O Meu Lugar", perguntaram-me qual era o eu lugar... Obviamente que respondi "Juiz de Fora", mas na verdade posso dizer que quase toda Minas Gerais é o meu lugar, excetuando-se alguns lugares estranhos com gente esquisita (como diria o Eduardo, de "Eduardo e Mônica").
Caso alguém de vocês vá se aventurar a conhecer MG, recomendo fazer uma imersão em diversos aspectos culturais, especialmente a língua. Para auxiliar nesse processo, trago aqui alguns vocábulos (e algumas frases completas também) de fundamental importância no processo de comunicação mineirístico.

A
antionti - antes de ontem
B
badacama
- debaixo da cama
belzonte - belo horizonte
C
cabedipassaismánazunha
- acabei de passar esmalte nas unhas
cadim - bocadinho, um pouquinho
cadiquê - o mez qui causdiquê
casopô - caixa de isopor
causdiquê - o mez qui pucausque
cetábão - você está bom? O mesmo que "você está bem?"
cetáboa - você está boa? O mesmo que "você está bem?" para mulher
cocê - com você
concorcucê - eu concordo com você
coquincuntes - é uma coisa que acontece
credincruis - credo em cruz
D
dárripidivê
- isso dá arrepio de ver
dendapia - dentro da pia
denduforno - dentro do forno
dentifrisso - dentifrício, o mesmo que pasta de dente, embora em desuso
deu - o mesmo que "di mim": "Larga deu, ô sô!"
dicoqui - de cócoras, sentar agachado
dimais da conta - além da medida; "bom... ", muito bom, excelente
djenium - de jeito nenhum
docê - de você
dodicabes - dor de cabeça
dodistongo - dor de estômago
doidimais - doido demais
donasjunta - dor nas articulações
donofigu - dor no fígado
E
éakekiliga
- é aquele que liga
émez - é mesmo?
I
iscodidente
- escova de dente
J
jizdifora - Cidade minera "pertín do RidiJanero". O "pessoar da capitár" nunca sabe se a turma de lá é "minerin" ou carioca. Daí ficam dizendo que é terra dos "carioca do brejo".
K
kabô - acabou
kapoko - daqui a pouco
kidicarne - kilo de carne
L
lidileite - litro de leite
M
magrilin
- Indivíduo muito magro
makifalducação - mas que falta de educação
manem - de forma alguma, de jeito nenhum
mastumate - massa de tomate
midipipoca - milho de pipoca
modizê - modo de dizer, maneira de falar algo
moiá a palavra - tomar um gole, beber um gole de bebida como cachaça
N
- forma reduzida de nossinhora
nossinhora - nossa senhora
nu - versão muderna do "nó", coisa dos jeca de belzonte
nutogradanodis - não estou agradando disso, não estou gostando disso
O
onquié
- onde que é?
onquoto - onde que estou
oprocevê - olha pra você ver!
óscargualzim - olha os carros iguaizinhos
óuchero - olha o cheiro!
P
pincumel
- pinga com mel
pipocumquijim - pipoca com queijinho (qualquer hora divulgo a receita!)
pokim - pouquinho, bocadinho
pondiôns - ponto de ônibus
pradaliberdade - Praça da Liberdade
prestenção - presta atenção
procê - pra você
pron-nostaminu - para onde nos estamos indo?
pucausque - por causa de quê?
puquecetamipeguntanuissu - por que você está me perguntando isso?
Q
qentá sóli
- ficar sentado de cócoras no terreiro pegando o primeiro sol da manhã pra passar o frio
quainahora - quase na hora
S
sápassado
- Sábado passado
sessetembro - sete de setembro
T
tampar
- jogar, lançar, arremessar
tidiguerra - tiro de guerra
tissodai - tira isso dai
tradaporta - atrás da porta
trem - coisa, qualquer coisa é um trem, mas nem todo trem é uma coisa.
trudia - outro dia
tupicão - também tropicão, quer dizer tropeço.
V
vidiperfumi
- vidro de perfume

9 comentários:

Anônimo disse...

É quase impossível acreditar nessas palavras. Tudo muito estranho.

Só que acho que deve ser igualmente estranho para, por exemplo, um mineiro vir pra o Rio Grande do Sul.

Adário, no início, você não achava engraçado o modo como os gaúchos falam, principalmente os de Erechim (que têm um sotaque diferente dos gaúchos de POA)?

Alexandro Magno dos Santos Adário disse...

Mas pode acreditar, o "capiau", ou homem caipira do interior, fala com esse sotaque, com essa forma simplória mesmo. De fato, até pessoas bem letradas usam esse sotaque...
Pra te responder melhor, quando eu vim para o Rio Grande do Sul, não que eu achasse "estranho", eu não entendia quase nada!!!!
Vou fazer um post contando essas micro-histórias...

Anônimo disse...

Olá...descobri îsso aqui e não posso deixar de comentar..porque sou nascida no Paraná,residindo em São Paulo, e apaixonadamente "com"Minas Gerais...sofro de regionalismo crônico..."coisdedoido"..amo esse modo de sintetizar aquilo que poderia ser dito inteiro...queria pedir permissão para copiar e colar essa belezura de dicionário no meu site...se permitir claro...Amei de verdade...

Beijus gigantes com gosto de doce de leite..sÔ!!!

www.ensaioseventanias.com.br

Thriller disse...

Obrigado por escrever isso pois nunca entendi o que o pessoal perto do meu sítio falava!

Selma Von Randow disse...

MEU NOME É SELMA E SOU MINEIRA DO INTERIOR. LUGAR ONDE O POVO CONVERSA REALMENTE DESTA FORMA.
GOSTARIA DE ACRESCENTAR DUAS PALAVRINHAS NA LETRA Q:

QUENTAÍ = QUEM ESTÁ AÍ?
QUEQUEISS = O QUE É ISSO?

Anônimo disse...

Ocê precisa cunhecê Goiás.

Os goianos são descendentes primeiramente dos bandeirantes, dos portugueses que com eles vieram e dos escravos africanos que trabalhavam nas minas. Isso se deu no século XVIII. E os mineiros? De quem descendem? Os mineiros descendem dos bandeirantes, dos portugueses e dos escravos africanos que trabalhavam nas minas.

Uai, então é tudo igual? É, uai!

Quando a mineração estava em decadência, muitos mineiros foram para Goiás para criação de gado nas fazendas e etc. Mas, tinham origens comuns com os goianos. Os mineiros já encontraram os goianos falando uai. Do mesmo modo, tiveram goianos que se mudaram para Minas e hoje constituíram famílias mineiras.
Por tudo isso, os goianos falam uai sô, trem bão dimais da conta e comem muito pão de queijo. Essas tradições vêm do tempo do ouro em Goiás. E os mineiros? Também uai. A mineração em Minas também foi no século XVIII e as pessoas que habitaram o Estado tinham as mesmas procedências como vimos.
Essa é a razão pela qual os goianos e os mineiros falam uai e tem tantas coisas em comum. O que foi dito acima, pode ser verificado na Historia dos Estados citados.

Anônimo disse...

Os goianos são descendentes primeiramente dos bandeirantes, dos portugueses que com eles vieram e dos escravos africanos que trabalhavam nas minas. Isso se deu no século XVIII. E os mineiros? De quem descendem? Os mineiros descendem dos bandeirantes, dos portugueses e dos escravos africanos que trabalhavam nas minas.

Uai, então é tudo igual? É, uai!

Quando a mineração estava em decadência, muitos mineiros foram para Goiás para criação de gado nas fazendas e etc. Mas, tinham origens comuns com os goianos. Os mineiros já encontraram os goianos falando uai. Do mesmo modo, tiveram goianos que se mudaram para Minas e hoje constituíram famílias mineiras.
Por tudo isso, os goianos falam uai sô, trem bão dimais da conta e comem muito pão de queijo. Essas tradições vêm do tempo do ouro em Goiás. E os mineiros? Também uai. A mineração em Minas também foi no século XVIII e as pessoas que habitaram o Estado tinham as mesmas procedências como vimos.
Essa é a razão pela qual os goianos e os mineiros falam uai e tem tantas coisas em comum. O que foi dito acima, pode ser verificado na Historia dos Estados citados.

Luiz Pinto disse...

Num sei purcausdiquê mas entendo tudo perfeitamente. E olh' que eu já ensinei mineirês até pra belgas. Os potiguares também gostam.
Hehehe. Sou formado em pedgogia, pós-graduado em psicopedgogia mas me pego regularmente "falanuaassim". Já tentei me corrigir mas o sangue fala mais alto.
Dever de casa -> para tradução: Quin'da seman'quevem é sessetembro. Cês vão disfilá na cidadocês? Eu, vô naõ; vô viajá.

Alexandro Magno dos Santos Adário disse...

Tradução: Quinta(-feira) da semana que vem é sete de setembro. Vocês vão desfilar na cidade de vocês? Eu não vou, vou viajar.