O cidadão brasileiro tem como costume reclamar muito do fato de políticos, empresários, membros do judiciário, da polícia e militares utilizarem de sua influência para conseguir vantagens para si. A famosa tática co "carteiraço" é uma das grandes mazelas do país. Ela quebra e anula o princípio constitucional da igualdade entre os cidadãos. Ou seja, quem não tem "carteira", quem não tem QI (o famoso "Quem Indica"), sofre, pena, tem dificuldades, é preterido e muitas vezes até humilhado.
Agora, reflitamos que o famoso carteiraço não está presente apenas nas altas esferas privilegiadas do nosso país. Ele é aplicado em inúmeras situações, sendo que aponto algumas apenas para deixar claro.
Exemplo 1: Na cidade está implantado a área azul, um esquema de estacionamento rotativo pago. O vereador da cidade para defronte à casa lotérica, usando um carro público. Ele não usa o cartão de estacionamento, deixa as luzes do alerta piscando e entra no estabelecimento para fazer o seu joguinho e pagar suas contas (esperamos que com o seu próprio dinheiro). Lá dentro, usa da sua pessoa pública para indicar que precisa furar a fila. Ao voltar, a moça que controla o estacionamento, sente-se constrangida em registrar a ocorrência por 3 motivos: é um carro público, é um vereador, ele usa do famoso bordão "foi só cinco minutinhos, já voltei".
Exemplo 2: Uma boate (ou danceteria, ou barzinho, como preferirem) da cidade está na moda. Sempre lotada e com filas quilométricas, faz distinção entre os seus clientes: os VIPs e os comuns. Os VIPs entram direto, sem passar por fila e sempre conseguem mesa. Por quê? Talvez porque gastem mais. Talvez porque sejam filho(a) do(a) fulano(a) que é dono/diretor/manda-chuva de não sei onde.
Exemplo 3: Um aluno vai mal numa disciplina na faculdade, muitas vezes porque usou de subterfúgios para ser aprovado sem mérito. Fala com o professor que, eticamente, tenta conduzir suas disciplinas dentro do rigor profissional e evitar fraude, plágio e abusos. O aluno, o pai, a madrinha, ou seja lá quem for, conhece o coordenador, o diretor, o membro do conselho curador, o reitor, ou outro membro influente. Esta pessoa "comenta" o caso com o seu amigo influente, pedindo uma "opinião". Mesmo não agindo para demover o professor de sua intenção acaba provocando um mal estar geral em todas as relações.
Esses são apenas alguns exemplos do carteiraço na vida cotidiana. Pessoas que agem assim não podem ser chamadas de cidadãs. Pessoas com essa mentalidade não podem exigir respeito da sociedade. Pessoas com essa incapacidade social não podem questionar a corrupção, a desonestidade e até mesmo a marginalidade que assola nossas cidades. Evite e denuncie o carteiraço.
07 julho 2006
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