10 agosto 2006

Feito nas coxas

Bem, cada aula que um professor dá (o mais correto seria "troca") é, no meu caso, totalmente imprevisível. Os assuntos surgem em profusão e podemos falar de coisas tão distintas como escravidão e registradores de computador. E é aí que reside a riqueza da experiência da comunicação humana. Claro que dentro de padrões mínimos de organização dos assuntos.

Com relação às duas palavras que mencionei antes, a primeira palavra talvez todo mundo saiba o que é, mas a segunda nem todos. Esses tais registradores são componentes de hardware encontrados em diversos elementos de um computador, principalmente no processador que o comanda. Bem, mas como essas duas palavras tão divergentes se "uniram"?

Falávamos, numa aula de Arquitetura de Computadores, em que estudamos o projeto de computadores (não do design do gabinete), de seus componentes de hardware, sobre os princípios de projeto. Um dos princípios mais importantes é o da SIMPLICIDADE. "A simplicidade favorece a regularidade" é o princípio tão importante num projeto.

Como exemplo de simplicidade, usada na engenharia civil, temos os tijolos. A partir de um projeto simples e básico, podemos construir desde uma lareira até um arranha-céu. Do tijolo fomos para as telhas... Daí foi quando lembrei de certa vez que fui a uma cidade do nordeste, mais exatamente Porto Seguro. Numa visita guiada pelo centro histórico, vimos algumas casas que preservavam ainda umas poucas telhas originais do tempo da colônia.

Essas telhas eram irregulares, de tamanhos variados e a explicação do guia foi que elas eram moldadas nas coxas dos escravos. Obviamente como cada escravo tem uma coxa diferente do outro e a pele é macia, as telhas nunca ficavam exatamente iguais, mas com algumas ondulações e tamanhos diferentes. Ao montar o telhado, ficava uma coisa meio desorganizada, com aparência de mal feito, algo que para nós hoje é chamado de "feito nas coxas". Essa expressão ficou então como sinônimo de coisa mal feita, feita sem cuidado, sem zelo.

Taí porque é importante estudar Ciência da Computação ao invés de ficar somente num conhecimento empírico, típico do "fuçador". A Computação no mundo moderno não aceita coisas feitas nas coxas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não sabia que a minha brincadeira sobre o "design do gabinete" tinha marcado tanto...
Enfim, "empresa que não é lembrada não prospera". Fico feliz.
Sem mais delongas "me entrego aos paraguaios" como diz o meu pai, pois o sono está grande.

DP disse...

É, eu tinha os meus medos de ter entrado na Computação e ter errado na minha escolha profissional.

Posso ainda não estar aplicando o que aprendi na faculdade num emprego na área, e sei que ainda tenho muita coisa pra aprender (não só na Graduação, mas numa possível Pós ou pelo resto da vida, nas atualizações que se farão necessárias).

Pode ser que eu não conheça muito bem a área na qual estou me graduando, mas algumas certezas eu já tenho.

Uma delas é a capacidade de abrangência. Como dito no post, falar de outras áreas e ligá-las à informática é muito comum, já que ela se faz presente em qualquer área de conhecimento.

Ainda sei que tenho gostos diferentes dos meus colegas (não curto muito jogos de computador; não sou maluco por computadores superpotentes; praticamente não conheço o Hardware de um computador; gosto de escrever). Mesmo assim, não pretendo desistir da Computação, porque gosto dela apesar de tudo.

E como já conversei contigo, Adário, quem sabe um dia utilizá-la para realizar um sonho antigo, né?

Muito bom o artigo. Fiz menção dele no Blog da turma.

Anônimo disse...

Estava eu sem nada aparentemente construtivo pra fazer, quando me lembrei ...

Eu ainda não olhei o tão comentado blog do tio Adário!

Agora estou eu aqui....

Concordo plenamente, Ciência da Computação não se restringe à "parnoidade" de sede de conhecimento incessante voltados a uma única área...

Mais do que um simples curso, ou, uma simples disciplina de Arquitetura de Computadores (simples.. ahaiuhuauaiauhaia), é bom fazer parte de uma coisa um pouco mior.

Mas eu acho que um dos maiores privilégios que nós como alunos temos, é esse...

esse...

esse Q a mais!

Não é todo professor que se dispõe a perder minutos de sua "preciosa" aula para compartilhar conhecimentos de áreas tão.... adjacentes!

Ainda bem que não haviam slides sobre o assunto, caso contrário....

ahauaiauahiuaahauihauha

O tio já deve saber que isso é brincadeira! Mas se caso ainda não saiba, só queria mencionar PUBLICAMENTE que o Sr. (rsrsrsrsrs) é uma pessoa que eu admiro muito, não somente pela sua bagagem, ou pelo status de professor de uma faculdade, mas também pela pessoa que é...

Pinto um clima... Melhor pará por aew!
ahuahiahhauahauhiauhaiuhuahuaha

Té mais professor! Um abração!

Ps.: Não to puxando o saco !!!!!!