21 março 2007

Jiló e a Diversidade Cultural

Algumas vezes a gente é acometido por uma necessidade de usar clichês. E não fujo à regra: O Brasil é um país muito grande. Claro que por si só isso já é uma constatação óbvia, mas quando falamos isso, é preciso pensar no significado.

O Brasil não é um país grande apenas por sua extensão territorial, o que faz dele um país-continente. A grandeza desse país está justamente na diversidade étnica, cultural, geográfica, e, infelizmente, social que possuímos. Tive várias vezes a oportunidade de presenciar isso in loco. O fato de ter viajado algumas poucas vezes e ser de uma família que está representada e espalhada por pelo menos 10 estados, permitiu-me entender um pouco essa diversidade. Tudo bem que seja de uma forma particular, mas orgulho-me disso mesmo assim.

Nessa semana mesmo tive a oportunidade de comprovar isso. Entrei para lecionar mais uma aula (sistemas operacionais, que fique bem claro) e quase fui atropelado por um grupo de alunos perguntando-me: “Professor, como é um jiló?”. Passado o inusitado da pergunta, a explicação para o fato de um professor de computação estar respondendo a isso é que os referidos alunos são do RS e o professor da região sudeste.

O jiló é o fruto do jiloeiro, e muito abundante nos estados de SP, MG e RJ, sendo bastante consumido na culinária do sudeste e do nordeste. No sul é raro, pra não dizer incomum. Bem, mas o que isso tem a ver com diversidade? São pequenas curiosidades como essa que mostram que um grande número de pessoas de cada estado morrerá sem nem imaginar o que se come, bebe, veste ou fala num outro estado. É o mesmo caso de quando vou visitar meus amigos e perguntam: “Como é o tal chimarrão?” ou “É verdade que o pessoal quase só come churrasco?”.

Parece ignorância, no sentido mais pejorativo da palavra, mas não é. Antes um desconhecimento, uma vontade saber o que existe além. Infelizmente nem todos têm a oportunidade de viajar ou desbravar o país. Acredito que isso pode ser corrigido com uma educação menos regionalizada. É necessária uma educação que permita aos nossos compatriotas vislumbrar o que existe além do quintal de suas casas, com todo respeito.

Assim, o nordestino vai saber o que é butiá, mondongo, bergamota e carreteiro; e o sulista vai conhecer jiló, graviola, jaca e buchada...

2 comentários:

Andre Almeida disse...

Demorou mais saiu outro post! =P

HUmmm... podia ter posto uma foto desse tal Jiló.

Abraços

DP disse...

Nem que viu essa "aula" acredita que tudo aquilo aconteceu. Aguarde o post no Blog da turma, neste sábado. ;D